sábado, 21 de abril de 2012

asas do oeste
teu por do sol claro
chamusca a sombra
com um carinho de fogo.

as tuas rotas
encontram um mar,
cheio de incertezas,
e no mar pousam um sono.

me virei em tua direção
e chegaste aos meus  olhos
como um bronze na pele
uma faísca nos cabelos
que se penteiam assim
como um movimento
pressentido e preciso.

necessário e cada parte de tuas horas
e a parte que cabe agora
é uma tarde.

sábado, 14 de abril de 2012

desde mil novecentos e quarenta e cinco
minha cabeça carrega dez mil megatons
e minha carne carboniza, sem que eu reconheça o cheiro
in front um cogumelo de fumaça
e ions.
eu não sabia do meu corpo até então
eu não tinha sexo, nem homem, nem mulher
e a atmosfera era forçada a ser
uma coisa qualquer que consumia.
um pesadelo instantâneo tomou forma
e até hoje eu trago, como se soubessem antes,
dez mil megatons na minha cabeça.
eu sei que os estados sabiam antes
que o estados programaram
uma coisa enormemente qualquer
e então eu cheguei ali, de surpresa
e tomei algo que não era meu
nem era pra mim.
desde mil novecentos e quarenta e cinco
mesmo que eu não tivesse nascido
eu carrego dez mil megatons na minha cabeça.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

basta dizer amor
que algo se revela.
por que assim tudo foi criado
e será sempre criado
para todo o sempre.

um silencio morando entre dentes
e aquele sopro que escapa
entregará para sempre
o viver ao viver.

a si, cabe isto, amar
de todo jeito que diferente
quando mais não couber
amar mesmo se parecer
indiferente
que a máscara traga comprensão
de toda parte
pedaço por pedaço
de face.

basta dizer amor
que algo se revela.